CLONAGEM E A EXTINÇÃO

Cientistas fazem primeira clonagem de espécie em extinção
 O filhote, hoje com seis meses
O filhote, hoje com seis meses

Cientistas anunciaram nesta segunda-feira o sucesso da primeira clonagem de um animal ameaçado de extinção.

Após inúmeras tentativas fracassadas, um filhote de carneiro selvagem, um grupo de cientistas conseguiu clonar uma espécie européia rara parecida com o carneiro doméstico.

O animal completou seis meses de idade recentemente.

Utilizando-se da técnica cunhada no experimento que deu origem à ovelha Dolly - o primeiro animal a ser clonado, em 1997 - um grupo de cientistas da Universidade de Teramo, na Itália, manipulou material genético coletado em carcaças de animais mortos e injetou em um óvulo de uma ovelha comum, criando assim um embrião.

Dolly

O embrião foi gestado por uma outra ovelha comum. O sucesso do experimento abre caminho para clonagens de outros animais ameaçados de extinção.

A ovelha doméstica foi o primeiro mamífero a ser clonado, em 1997, batizado de Dolly.

Desde então, cientistas clonaram porcos, vacas, cabras e outros animais mas não haviam conseguido fazer com que animais clonados de espécie em extinção se desenvolvessem como animais gerados naturalmente.

O Instituto Roslin, perto de Edimburgo, que clonou a ovelha Dolly, colaborou com a equipe do cientista italiano Pasqualino Loi no projeto de clonar o carneiro selvagem.

O carneiro foi clonado com a utilização de material genético de duas ovelhas selvagens encontradas na Sardenha.

Depois de extraído das carcaças, o DNA foi injetado em um óvulo doador de uma ovelha doméstica, o que deu origem a um embrião, gestado por uma segunda ovelha doméstica.

Atualmente, o carneiro selvagem só é encontrado na Sardenha, na Córsega e no Chipre.

O primeiro exemplar de uma espécie em extinção a ser clonado foi um gauro, uma espécie de boi selvagem da Índia. Nascido em janeiro deste ano nos Estados Unidos, o filhote, batizado de Noah, morreu antes de completar 48 horas de vida, de disenteria.

Em uma tentativa com uma outra espécie de carneiro selvagem - o argali, originário da Sibéria -, um animal adulto também não conseguia gerar filhotes saudáveis.

Banco genético

Vários países, incluindo a Grã-Bretanha, já estão criando bancos de material genético de espécies ameaçadas. Há cientistas que acreditam que, no futuro, a clonagem será necessária, se não fundamental, para a preservação de animais sob risco de extinção.

O êxito do projeto mostra que "primos" domésticos de espécies raras podem ser usados como fornecedores de óvulos e como "mães de aluguel" para gestar embriões clonados.

"Diante da improvável hipótese de todos os animais de uma espécie ameaçada morrerem repentinamente, se for possível recuperar o material genético em um intervalo de 18 a 24 horas você pode resgatar a espécie", afirmou o cientista Michael Clinton, do Instituto Roslin à BBC.

"Este seria um argumento para começar a guardar células de espécies ameaçadas e tentar identificar espécies domésticas compatíveis", acrescentou Clinton.